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Como Avaliar um Violino

Muito além do som: o que realmente importa na hora de escolher um instrumento

O que Realmente Importa ao Avaliar um Violino?

De tempos em tempos, me vejo a assistir vídeos sobre violinos que são realmente interessantes. Recentemente, dois vídeos muito diferentes chamaram minha atenção; cada um abordando, à sua maneira, a pergunta: o que torna um violino “bom”?

No primeiro, o violinista e cofundador da MyLuthier.co partilha conselhos valiosos sobre como escolher um violino. Ele destaca a importância da projeção sonora — ou seja, a capacidade do som se “propagar” bem por uma sala. E ele está absolutamente certo. Para quem toca em orquestras ou grandes auditórios, projeção é essencial. Mas, por mais correto que seja, esse é apenas um dos muitos fatores envolvidos.

O segundo vídeo, da violinista brasileira Isabelle Portela, é um conteúdo leve e envolvente onde ela toca dois violinos e convida os espectadores a adivinhar qual é o mais caro. Um custa R$600 e o outro R$6000. A surpresa? A maioria errou. Muitos comentaram que o violino mais barato “soava melhor” — e, com base no que ouvimos pelo celular, talvez tenha mesmo parecido assim.

Mas é aí que entra a reflexão importante.


Por Que Não se Deve Julgar o Som Pelo Telemóvel/Celular?

Avaliar um violino com base no que se ouve num vídeo do Instagram é como julgar um quadro por uma fotografia desfocada e mal iluminada. Pense bem: o som é captado por um microfone de telemóvel(celular) (que diminui e comprime o áudio, depois passa por compressão da plataforma, e por fim, na maioria das vezes,  é reproduzido em alto-falantes minúsculos ou auscultadores(fones de ouvido) de baixa qualidade. Ou seja, até chegar aos seus ouvidos, o som já perdeu muito do original.

Isso não significa que os vídeos não tenham valor — pelo contrário, são divertidos e levantam ótimas questões. Mas é preciso cuidado para não tirar conclusões definitivas com base no que se ouve online.


O Que Realmente Deve Ser Observado?

Ao avaliar um violino, seja para tocar, comprar ou estudar, há muito mais a considerar além do som isolado:

  • Materiais Utilizados
    Um violino feito com abeto e ácer de alta qualidade terá um comportamento acústico muito diferente daquele feito com madeiras genéricas ou pouco densas, isso sem contar verniz, colas naturais, etc.
  • Processo de Construção
    Foi feito por um luthier experiente ou produzido em massa numa fábrica? O cuidado com as medidas do instrumento em cada milímetro, cuidados com vibrações indesejadas, tudo isso impacta o resultado final.
  • Montagem e Ajustes
    O cavalete, as cordas, a escala… são partes fundamentais para a resposta, o conforto e a sonoridade do instrumento.
  • Procedência e História
    Quem o construiu? Onde? Trata-se de um violino com histórico conhecido ou apenas rotulado como “cópia” de algo? Um instrumento com boa documentação tende a manter valor e identidade ao longo do tempo.
  • Estética e Acabamento
    Embora a aparência não toque música, os detalhes visuais, como o verniz e o desenho da madeira, muitas vezes refletem o nível de cuidado na construção.
  • O Som — No Contexto Certo
    Claro que o som importa, mas deve ser ouvido ao vivo, com um bom arco, num espaço acústico adequado, e de preferência com alguém escutando a alguns metros de distância.


Não Existe Mágica

A conclusão é simples: não há um teste único, nem um vídeo milagroso que diga tudo sobre um violino. Tal como as pessoas, os violinos são complexos. Escolher um instrumento envolve os ouvidos, os olhos, as mãos, e muitas vezes, o coração.

Se houver dúvidas, procure um violinista ou luthier de confiança. Experimente o violino pessoalmente. Deixe que ele fale consigo, diretamente, e não através de pixels comprimidos.

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